quarta-feira, 16 de outubro de 2013


Alto Douro Vinhateiro



A cultura da vinha foi alvo de um grande incremento na península Ibérica durante o domínio romano, o que levou o imperador Domiciano (séc. I a. C.) a ordenar o arranque de metade dos vinhedos existentes, como forma de proteção aos vinhos de Roma.
Suevos, Visigodos e Muçulmanos ocuparam sucessivamente a Península após os Romanos. A vinha perpassa por todos estes reinados e atinge com alguma importância económica no dealbar da nossa nacionalidade.
A importância da cultura do vinho no início da nossa nacionalidade (1143) era acentuada na região e evidenciou-se esta certeza através dos inúmeros forais concedidos no decorrer dos tempos a várias vilas situadas nas margens do rio Douro, onde é referida a obrigatoriedade dos habitantes pagarem uma contribuição em vinho.
A partir do século XIV há notícias seguras da exportação de vinho. D. Fernando (1367) obtém as principais receitas para os cofres do Estado através dos impostos sobre a sua exportação. Dada a fama do vinho português, as exportações começaram a surgir e a serem muito importantes para a época. Eram feitas principalmente para França.
Os ingleses têm um papel preponderante no nosso comércio de vinhos a partir do século XVI. No século seguinte, instalam-se no Porto para exportarem através da barra do Douro os vinhos de Lamego, de Riba Douro e de Cima Douro como eram então designados os vinhos oriundos do Douro. Em 1675, Ribeiro de Macedo refere-se a vinhos com denominação de Vinho do Porto e passados 3 anos há registo alfandegário da primeira exportação desse vinho pela barra do Douro.

A Companhia Geral da Agricultura das Vinhas do Alto Douro, surge em 1756, justificada pela concorrência na Inglaterra dos vinhos de outras regiões portuguesas, pelo desenvolvimento do comércio vinícola com as colónias (Brasil em especial), o que estimulava intensamente a cultura da vinha na metrópole, pela crise de produção de 1750-1755, pela preocupação de arrancar os vinhos do Douro ao controle dos mercadores ingleses e pela defesa da integridade dos seus dotes como bebida.

Eram objetivos da Companhia a definição de limites de uma região vitícola (Região Demarcada), a realização de um cadastro e a classificação das parcelas e dos respetivos vinhos (vinho de feitoria e vinho de ramo) e a criação de mecanismos institucionais de controlo e certificação, apoiados num vasto edifício legislativo.
Foi feito um desenho da região onde foram assinalados os limites das zonas autorizadas a produzir vinho de feitoria (o de melhor qualidade que servia para exportação). Estava desta forma demarcada a primeira região vitícola do Mundo. Muitos países, nomeadamente do centro da Europa, reclamam a existência de zonas perfeitamente identificadas como sendo produtoras de vinhos com características especiais. A reclamação poderá ser justa, mas a primeira demarcação, que incluía uma classificação das parcelas de vinha e uma hierarquização dos vinhos produzidos foi feita, de facto, no Douro.




   


Ao longo do século XIX, reforçara-se o domínio do sector comercial sobre sector agrícola, acentuando-se a dependência da região do Douro face ao Porto.
Tal situação de dependência justificava a posição do comércio exportador de requerer o exclusivo da denominação Porto para os vinhos fabricados em Gaia. Num documento de 1906, a Associação Comercial do Porto considerava que a posse e o direito de uso da denominação «Porto» cabiam «exclusivamente» à «indústria vinícola que se exerce em Vila Nova de Gaia, e que espalha e valoriza o seu produto por intermédio do comércio e do porto desta cidade, sendo por isso e só por isso, - que se chama “vinho do Porto”», pertencendo à região duriense apenas a denominação dos vinhos correntes «Douro».
O sector do vinho do Porto conheceu, nos últimos vinte anos, mudanças significativas. Surgiram novas formas de organização da vinha. Na fase de prosperidade dos anos oitenta, verificou-se um novo movimento de expansão do vinhedo, com particular incidência no Cima Corgo e no Douro Superior. Modernizaram-se, onde foi possível, as práticas vitícolas e as técnicas de vinificação. A cultura enológica regional, pode dizer-se, passou da fase empírica à fase científica, para o que contribuiu a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro.


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