segunda-feira, 21 de outubro de 2013


Turismo de qualidade
Numa região onde o vinho domina as actividades económicas, tem-se verificado ao longo dos últimos anos um crescimento de algumas actividades paralelas e complementares à viticultura, como o turismo e o enoturismo.
Logo a seguir à produção de vinho, o turismo é uma das principais fontes de riqueza desta região. Anualmente são aos milhares as pessoas que visitam o Alto Douro Vinhateiro.
Na região a aposta é no turismo de qualidade, mais direccionado para a classe média-alta, e por isso mesmo, ao longo dos últimos anos, muitas foram as quintas que se transformaram em empresas turísticas.
Construída à beira-rio, no Pinhão, uma antiga propriedade da empresa Taylor’s Fonseca foi convertida em 1998 no hotel de quatro estrelas “Vintage House”, que associa a decoração inglesa à tradição arquitectónica portuguesa e ao néctar produzido nas encostas do Douro.
CS Vintage House Hotel


O Douro foi proclamado Património  Mundial da Humanidade pela UNESCO, a 14 de dezembro de 2001 na categoria de paisagem cultural é um local rodeado de montanhas que lhe dão características mesológicas e climáticas particulares.
 
  

quarta-feira, 16 de outubro de 2013


Alto Douro Vinhateiro



A cultura da vinha foi alvo de um grande incremento na península Ibérica durante o domínio romano, o que levou o imperador Domiciano (séc. I a. C.) a ordenar o arranque de metade dos vinhedos existentes, como forma de proteção aos vinhos de Roma.
Suevos, Visigodos e Muçulmanos ocuparam sucessivamente a Península após os Romanos. A vinha perpassa por todos estes reinados e atinge com alguma importância económica no dealbar da nossa nacionalidade.
A importância da cultura do vinho no início da nossa nacionalidade (1143) era acentuada na região e evidenciou-se esta certeza através dos inúmeros forais concedidos no decorrer dos tempos a várias vilas situadas nas margens do rio Douro, onde é referida a obrigatoriedade dos habitantes pagarem uma contribuição em vinho.
A partir do século XIV há notícias seguras da exportação de vinho. D. Fernando (1367) obtém as principais receitas para os cofres do Estado através dos impostos sobre a sua exportação. Dada a fama do vinho português, as exportações começaram a surgir e a serem muito importantes para a época. Eram feitas principalmente para França.
Os ingleses têm um papel preponderante no nosso comércio de vinhos a partir do século XVI. No século seguinte, instalam-se no Porto para exportarem através da barra do Douro os vinhos de Lamego, de Riba Douro e de Cima Douro como eram então designados os vinhos oriundos do Douro. Em 1675, Ribeiro de Macedo refere-se a vinhos com denominação de Vinho do Porto e passados 3 anos há registo alfandegário da primeira exportação desse vinho pela barra do Douro.

A Companhia Geral da Agricultura das Vinhas do Alto Douro, surge em 1756, justificada pela concorrência na Inglaterra dos vinhos de outras regiões portuguesas, pelo desenvolvimento do comércio vinícola com as colónias (Brasil em especial), o que estimulava intensamente a cultura da vinha na metrópole, pela crise de produção de 1750-1755, pela preocupação de arrancar os vinhos do Douro ao controle dos mercadores ingleses e pela defesa da integridade dos seus dotes como bebida.

Eram objetivos da Companhia a definição de limites de uma região vitícola (Região Demarcada), a realização de um cadastro e a classificação das parcelas e dos respetivos vinhos (vinho de feitoria e vinho de ramo) e a criação de mecanismos institucionais de controlo e certificação, apoiados num vasto edifício legislativo.
Foi feito um desenho da região onde foram assinalados os limites das zonas autorizadas a produzir vinho de feitoria (o de melhor qualidade que servia para exportação). Estava desta forma demarcada a primeira região vitícola do Mundo. Muitos países, nomeadamente do centro da Europa, reclamam a existência de zonas perfeitamente identificadas como sendo produtoras de vinhos com características especiais. A reclamação poderá ser justa, mas a primeira demarcação, que incluía uma classificação das parcelas de vinha e uma hierarquização dos vinhos produzidos foi feita, de facto, no Douro.




   


Ao longo do século XIX, reforçara-se o domínio do sector comercial sobre sector agrícola, acentuando-se a dependência da região do Douro face ao Porto.
Tal situação de dependência justificava a posição do comércio exportador de requerer o exclusivo da denominação Porto para os vinhos fabricados em Gaia. Num documento de 1906, a Associação Comercial do Porto considerava que a posse e o direito de uso da denominação «Porto» cabiam «exclusivamente» à «indústria vinícola que se exerce em Vila Nova de Gaia, e que espalha e valoriza o seu produto por intermédio do comércio e do porto desta cidade, sendo por isso e só por isso, - que se chama “vinho do Porto”», pertencendo à região duriense apenas a denominação dos vinhos correntes «Douro».
O sector do vinho do Porto conheceu, nos últimos vinte anos, mudanças significativas. Surgiram novas formas de organização da vinha. Na fase de prosperidade dos anos oitenta, verificou-se um novo movimento de expansão do vinhedo, com particular incidência no Cima Corgo e no Douro Superior. Modernizaram-se, onde foi possível, as práticas vitícolas e as técnicas de vinificação. A cultura enológica regional, pode dizer-se, passou da fase empírica à fase científica, para o que contribuiu a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro.



Tradições

Caretos
Esta região possui um folclore muito rico, patente, por exemplo, nos seus dialetos (sendinês, mirandês, guadramilês e riodonorês). A música tradicional é uma das mais relevantes do país. São de um lirismo extremamente sóbrio e penetrante, quer os hinos sagrados e cânticos de trabalho, quer os poemas de amor e de morte em que se expande a alma do povo duriense e transmontano.

As festas, feiras e romarias são um traço típico da cultura popular do nosso povo.
Estas manifestações, extremamente numerosas e variadas, acontecem em todos os concelhos de Vila Real, que integra a antiga província administrativa de Trás-os-Montes e Alto Douro, e fazem parte das tradições e memórias de um povo que luta para manter a atual cultura secular que lhe confere uma identidade muito própria.

Folclore transmontano


Características

Trás-os-Montes e Alto Douro


A região de Trás-os-Montes e Alto Douro situa-se no Nordeste de Portugal continental, correspondendo aos distritos de Vila Real e Bragança, bem como a quatro concelhos do distrito de Viseu e a um concelho do distrito da Guarda. Faz fronteira com a Espanha, a norte e a leste, e confina com as províncias da Beira Alta, a sul, e do Douro Litoral e do Minho, a oeste.
O relevo desta região é formado por um conjunto de altas plataformas onduladas cortadas por vales e bacias muito profundas. O seu clima é mediterrânico com influência continental, mais agreste e frio nas áreas planálticas, mais quente nas áreas profundas encaixadas do Douro.
Além da vinha em especial a vinha da Região Demarcada do vinho do Porto, onde a paisagem se individualiza com as suas imensas encostas e quintas , produz culturas como o centeio, a cevada e a batata.
Esta região apresenta, nos seus principais pratos típicos, o pão e as bolas, bacalhau, alheiras, presunto, cabrito e vitela, com destaque para a posta mirandesa, peixes de rio, como a truta, grelos, feijão, cogumelos, castanhas, folares, queijadas e bolos de mel, entre outros.
Trás-os-Montes e Alto Douro foi desde muito cedo objeto de explorações mineiras. O ouro foi o primeiro metal a ser explorado, depois o estanho e o chumbo.
A região de Trás-os-Montes é uma das mais ricas em achados arqueológicos de toda a ordem e de todas as épocas. São de assinalar as estações do paleolítico da serra do Brunheiró e Bóbeda, bem como dólmenes e povoados do período Neo-eneolítico. A famosa ponte de Trajano, por seu turno, é um dos melhores exemplares da arquitetura romana em Portugal.


Gastronomia Transmontana

Sobremesas
Papos-de-anjo de Mirandela

Papos de anjo

Ingredientes:
  • 500 g de açúcar;
  • 3 ou 4 colheres de sopa de doce de fruta;
  • 8 ovos, mais 7 gemas;
  • 1 colher de chá de canela;
  • Açúcar para polvilhar;
Confeção:

Na preparação para estes papos-de-anjo pode ser utilizado qualquer doce de fruta (incluindo de abóbora), com exceção dos doces de maça, marmelada ou qualquer geleia.

Leva-se o açúcar ao lume com um copo de água (cerca de 2 dl) e deixa-se ferver até se obter ponto de espadana (117º C). Adiciona-se o doce escolhido e deixa-se ferver novamente até se obter o mesmo ponto. Retira-se então o doce do lume e depois de se ter deixado arrefecer um pouco adicionam-se os ovos, que foram previamente muito bem batidos com as gemas. Junta-se ainda a canela.
Distribui-se o preparado obtido por forminhas de queques muito bem untadas com manteiga e levam-se a cozer em forno moderadamente quente (cerca de 200º C). Desenformam-se e polvilham-se com açúcar.

Toucinho-do-céu de Murça

Ingredientes:

  • 500 g de açúcar;
  • 125 g de amêndoas;
  • 125 g de doce de chila;
  • 20 gemas de ovos;
  • 2 colheres de sopa de farinha;
  • Margarina;

Confeção:

Pelam-se e ralam-se as amêndoas.
Leva-se o açúcar ao lume com um copo de água e deixa-se ferver até se obter o ponto de fio (103º C). Junta-se o doce de chila e deixa-se ferver mais 2 a 3 minutos.
Adicionam-se as amêndoas raladas, que devem estar bem enxutas, e leva-se novamente ao lume para fazer um ponto de estrada muito fraco (o fundo do tacho deve ver-se muito rapidamente).
Retira-se o doce do lume e, depois de arrefecer um pouco, juntam-se as gemas, que engrossarão um pouco sobre o lume, sem que no entanto o doce ferva.
Deixa-se arrefecer ligeiramente.
Unta-se com margarina e polvilha-se com farinha uma forma retangular ou quadrada, com cerca de 1,5 litros de capacidade. Espalha-se uma colher de farinha sobre o fundo da forma e deita-se dentro o doce. Polvilha-se a superfície com a outra colher de farinha e leva-se a cozer em forno bem quente (200º C a 250º C).
O toucinho-do-céu está cozido quando se lhe introduzir uma faca e esta sair quente e limpa.
Desenforma-se.

Gastronomia Transmontana

Peixe

Trutas do Rio Cávado


Ingredientes:
Para 4 pessoas


  • 8 Trutas pequenas ou 4 trutas grandes;     
  • 4 Fatias finas de presunto magro;     
  • 4 Fatias de toucinho;
  • Sal;

Confeção:

Amanham-se as trutas e temperam-se com sal. Na barriga de cada truta introduz-se uma fatia fina de presunto, enrolada.

Derrete-se o toucinho cortado em bocadinhos e depois fritam-se as trutas na gordura obtida.

Servem-se as trutas com batatas cozidas, regando tudo com a gordura e o toucinho de as fritar.

Carne

Cabrito Assado no Espeto e Recheado

Ingredientes:
Para 8 pessoas


  • 1 Cabrito;
  • 100 g de alho;
  • 1 colher de sopa de pimenta em pó;
  • 100 g de sal;
  • 20 g de colorau;
  • 4 folhas de louro;
  • 5 dl de vinho branco;
  • 1 ramo de salsa;
  • 2 cravinhos;
  • 500 g de batatas ;
  • 250 g de azeitonas com caroço;
  • 250 g de chouriço;
  • 200 g de salpicão;
  • 200 g de presunto entremeado;
  • 2 colheres de chá de pimenta;
  • 2 colheres de sopa de banha;
  • 2,5 dl de azeite;
Confeção:

Faz-se uma papa com o alho esmagado, o sal, a colher de sopa de pimenta, o colorau e o louro. Com este preparado esfrega-se o cabrito que, entretanto, se preparou. Rega-se com o vinho branco e deixa-se marinar durante 12 horas.
Prepara-se o recheio da seguinte forma: cortam-se as batatas em pequenos cubos, juntam-se as azeitonas, o chouriço às rodelas e o salpicão, o presunto aos cubos, a salsa, as 2 colheres de chá de pimenta, o cravinho e a banha. Misturam-se  bem todos os ingredientes e com este preparado recheia-se o cabrito e cose-se a barriga com agulha e linha.

Coloca-se o cabrito no espeto e vai a assar lentamente, tendo o cuidado de o ir molhando com o azeite.

Serve-se com o próprio recheio, que se coloca à volta do cabrito que entretanto foi trinchado.


Feijoada à Transmontana


Ingredientes:
Para 8 pessoas

  • 1 kg de feijão;
  • 500 g de orelha de porco;
  • 200 g de focinho de porco;
  • 1 pé de porco;
  • 1 linguiça;
  • 100 g de salpicão;
  • 100 g de presunto ;
  • 1 dl de azeite;
  • 1 cebola;
  • 1 ramo de salsa;
  • 1 folha de louro;
  • 1 dente de alho;
  • pimenta branca;
  • malagueta e colorau;
  • 1 cravinho;
  • Sal;
Confeção:

De véspera, põe-se de molho em água fria num recipiente o feijão previamente lavado e, num outro, as carnes, que são sempre fumadas.
No dia seguinte, coze-se o feijão na água em que demolhou. Cozem-se as carnes noutro recipiente e, depois de bem cozidas (incluindo a linguiça e o salpicão), cortam-se em bocados. Cortam-se em rodelas a linguiça (chouriço de carne) e o salpicão.

Aloira-se a cebola com o azeite e junta-se-lhe o  feijão com a água em que cozeu (que não deve ser muita). Juntam-se as carnes e um pouco de água que serviu para as cozer. Retifica-se o sal e juntam-se a salsa, o louro, o dente de alho picado, a malagueta, o colorau e o cravinho. Deixa-se apurar em lume muito brando.

Acompanha com arroz de forno bem seco.

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Gastronomia Trasmontana

Entradas


Sopa de Alheiras



Sopa de alheira

Ingredientes:
Para 6 a 8 pessoas


  • 1 Kg de pão de trigo caseiro;
  • 1 kg de frango;
  • 500 g de entrecosto (costelas) ;
  • 250 g de ossos da suã (espinhaço de porco) ;
  • 250 g de salpicão ;
  • 250 g de presunto ;
  • Sal;
  • 1 Malagueta picante;
  • 1 Alheira;

Confeção:

Põem-se as carnes,os ossos e a farinheira a cozer em água abundante, temperada com sal. As carnes devem cozer sem se desfazerem.

Retira-se um pouco do caldo de cozer as carnes e leva-se este caldo ao lume a cozer com a malagueta. Depois de ferver um pouco, retira-se a malagueta e junta-se esta às carnes, com as quais deve ferver também um pouco.
Corta-se o pão em fatias finas para uma terrina.

O pão deve ficar húmido (o caldo não deve escorrer).

Desossam-se as carnes, à exceção do entrecosto, e espalham-se sobre as sopas de pão. Corta-se o entrecosto, separando-o pelos ossos, o salpicão em rodelas, o presunto em fatias e a alheira cortada em pedaços.

Dispõem-se as carnes e os outros elementos sobre as sopas e servem-se bem quentes.
Pode ser ainda acompanhado com um ovo escalfado.

quinta-feira, 3 de outubro de 2013



Palácio Mateus
(Vila Real)


A Casa de Mateus foi mandada construir por António José Mourão, na primeira metade do século XVIII e presume-se que o projecto tenha sido elaborado pelo famoso arquiteto Nicolau Nassoni.
 
António Mourão foi o terceiro morgado de Mateus, mas foi o seu filho, D. Luís António de Sousa Botelho Mourão, que terminou as obras da capela. O Palácio foi classificado como monumento nacional em 1910. Este monumento detém o “record” de casa mais retratada, devido ao facto de aparecer nos rótulos do Vinho “Mateus Rosé”.
 
Em 1970, foi criada a Fundação “Casa de Mateus”, que tem por objectivos a preservação do monumento, o estudo do arquivo e a promoção de actividades de âmbito cultural, pedagógico e até científico. Entre os principais atos apadrinhados pela Fundação está a entrega do prémio literário D. Diniz, considerado um dos mais importantes a nível nacional.

quarta-feira, 2 de outubro de 2013



 
Trás-os-Montes e Alto Douro é uma província de Portugal, com limites e atribuições, que foram variando ao longo da história. A sua capital é Vila Real.
 
 

É uma das províncias de Portugal com maior número de
emigrantes e uma das que mais sofrem com o
despovoamento.
O seu isolamento secular permitiu porém a sobrevivência de tradições culturais que marcam a identidade portuguesa.